Como eu aprendi Inglês

Neste post vou comentar e descrever alguns detalhes de como está sendo minha trajetória no aprendizado da língua inglesa.

Antes de tudo, gostaria de deixar o link do podcast DevNaEstrada que participei, no qual o assunto foi exatamente esse: Inglês pra quê? Nele eu e outros convidados descrevemos um pouco sobre a nossa trajetória e damos algumas dicas.

Primeiros passos

Tudo começou no meu aniversário de 6 anos. Um dos convidados era piloto da extinta Varig e na época eles tinham uma espécie de livro educativo com várias histórias em quadrinhos com textos em português e inglês no balãozinho. Ele me deu esse livro junto com alguns outros brindes que a companhia aérea dava para os clientes. Convenhamos o cara pegou as paradas de graça e foi o presente que mais gostei. Passei meses lendo e relendo aquilo. Além disso, é a única recordação que tenho daquela festa de aniversário.

Na mesma época eu comecei com os videogames que nos primeiros jogos já me encabulavam com o PRESS START ou o GAME OVER e posteriormente fui para jogos mais complexos como Chrono Trigger para Super Nintendo. Os jogos e o inglês-pra-inglês-ver do ensino fundamental e médio seriam as únicas fontes de aprendizado durante toda a minha infância e adolescência, pois minha família não se atentou na importância que o idioma tem.

Aprendizado básico

Já no final dos anos 90, meus pais economizaram um tanto para comprar nosso primeiro computador e pude finalmente abrir os horizontes e consumir mais conteúdo na língua da rainha. Foi quando descobri duas coisas magníficas, a programação e os emuladores. Os dois me fizeram passar madrugadas em claro e imergir um pouco mais no mundo do inglês. Descobri também que era possível hackear e traduzir os jogos de emulador de inglês para português. Daí comecei a fazer parte de algumas comunidades de tradução que existiam na Internet. Lá eu exercitava os meus conhecimentos de programação e inglês. Nessa época cometi um grande erro: Achar que sabia demais.

Em meados de 2006 já trabalhando com TI, eu conseguia entender um texto técnico (não graças ao inglês técnico da faculdade hahaha) e achava que eu já era “bom em inglês”, não evolui e o tempo foi passando. Em 2008 alguns amigos estavam entrando no Brasas e me chamaram para entrar com eles pois teria um desconto para grupos. Hesitei um pouco no começo mas me convenci quando fiz a prova de nivelamento e descobri que não sabia praticamente nada. Neste curso os níveis iam de 1 a 10 e fui classificado como Nível 2.

Aprendizado em cursinho

Fiz 1 ano e meio de cursinho e senti que minha habilidade em falar inglês deu um salto gigantesco. Grande parte do que sei hoje é devido a lavagem cerebral repetitiva que o curso fez. Então eu já conseguia conversar, fazer uma compra ou pedido num restaurante com um inglês bem limitado. Também conseguia escrever textos simples e falar sobre rotinas do dia-a-dia. Tudo isso culminou em 2011 na minha primeira viagem de férias para os EUA. Lá eu pude exercitar e descobrir que eu sabia ainda menos que pensava. Ficava muito nervoso na hora de falar, e quase fui preso por estar com uma camisa com escritas em árabe e não saber explicar o porquê.

Logo após a viagem comecei a fazer uma Pós Graduação e despriorizei o inglês de novo. Eu ainda aprendia uma coisa ou outra, seguia alguns canais de professores de inglês, mas não era nada hardcore.

Aprendizado com conteúdo real

Em 2013 a empresa em que trabalhava recebeu 3 convites para participar do Chrome Dev Summit na Google em Mountain View e decidiu que eu seria um dos felizardos que participaria do evento. E mais, teríamos uma reunião com alguns funcionários da empresa para discutir sobre algumas incompatibilidade entre o nosso produto e o Chrome. Esse foi o impulso que eu estava precisando para começar a estudar de novo. Mas desta vez não queria algo engessado, então contratei uma professora particular e comecei a estudar bastante por conta própria. E mais, após a viagem havia decidido que não só aprenderia inglês, mas que faria o possível para morar um tempo na américa.

Foi aí que entre um estudo e outro que rompi a barreira entre estudar inglês e viver inglês. Cito aqui algumas dicas que me ajudaram muito no aprendizado:

  • Assistir filmes e seriados com legenda em inglês: No começo é difícil, mas vai em frente e não ligue se não entender nada;
  • Assinar canais gringos no Youtube: Pegue algo que goste e se atente na imagem mesmo que não entenda as falas;
  • Ler livros em inglês e em voz alta: Não consulte muitas palavras no dicionário, no máximo uma ou duas. tente ir pelo contexto;
  • Falar inglês no trabalho o tempo todo: Eu e uns amigos criamos uma regra em que só era permitido falar inglês dentro de uma determinada sala da empresa. Era um inglês macarrônico, é claro, mas ajudava com a fluência;
  • Usar aplicativos de memorização como Duolingo e Memrise.

Aprendizado com nativos

Em 2015 aconteceram duas coisas que facilitaram bastante a minha jornada: arrumei um emprego numa empresa americana e fiz um intercâmbio nos EUA.

Desde que tomei a decisão de que queria sair do Brasil, comecei a mandar currículos e me relacionar com empresas, gringas. Depois de 2 anos finalmente aconteceu. Após uma entrevista bem básica fui contratado para trabalhar remoto numa Startup de São Francisco. Então desde Julho de 2015 meu contato com inglês é diário e diversificado. Preciso escrever, falar, ler e escutar em inglês o tempo todo.

Em outubro fui para São Francisco conhecer os donos da Startup e fazer um curso de aperfeiçoamento na Embassy English. Nestes 28 dias que fiquei na cidade pude me adaptar não só ao idioma, mas também à cultura americana, aprendendo gírias, maneirismos e sotaques. Me lembro de escutar vários grunhidos inaudíveis no metrô no primeiro dia na cidade e de entender claramente estes grunhidos no dia que estava voltando para o Brasil.

Aprendizado contínuo

Agora o sonho agora é real. No próximo dia 7 de maio eu e minha esposa vamos nos mudar para o Canadá. Depois de muito tentar, estudar e economizar, finalmente estamos indo rumo a América do Norte cientes de que o aprendizado está só começando e que agora chegou a parte mais difícil. Contudo estamos felizes e satisfeitos com a jornada.

Não desista, aprender inglês não é fácil. Alguém já me falou que aprender idiomas é como fazer musculação e não um dom. Então vá em frente, se exercite todos os dias e se prepare para o mundo!